segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ÁFRICA NEGRA: Nação civilizada e berço da Humanidade Parte II


ÁFRICA NEGRA
Nação civilizada e berço da Humanidade
Parte II
O que dizer sobre a superioridade racial?
Por: Domingos Segredo٭
COMO encara as raças? Especificamente, considera que os brancos são inerentemente superiores às pessoas de cor? Sem levar em conta sua resposta verbal, o que revelam suas atitudes e ações?
As pessoas amiúde afirmam que não têm preconceito racial. Todavia, a realidade é que os conceitos racistas há muito predominam. E, assim, persiste o conceito, entre muitos, de que os negros são inatamente inferiores aos brancos, e foram feitos para ocupar permanentemente uma posição inferior.
Como se originaram tais idéias? O que as torna tão persistentes?
Papel da Religião
A idéia moderna de superioridade inerente dos brancos teve sua origem na conquista e escravização dos negros africanos. O comércio escravista precisava duma justificação, especialmente visto que os traficantes eram cristãos professos. Charles de Secondat Montesquieu, jurista e filósofo político francês, explicou como raciocinavam os traficantes: “É-nos impossível supor que tais criaturas sejam homens, porque, permitindo-lhes ser homens, seguir-se-ia uma suspeição, a de que nós mesmos não somos cristãos.”
Cristãos professos nos EUA também precisavam duma justificativa para a escravidão, pois a economia dos plantadores sulistas de algodão se baseava na escravidão negra. Assim, certo historiador norte-americano afirma:
“O Sul pesquisou as Escrituras em busca do endosso bíblico para tal prática. . . . Constantemente, o Sul argumentava que a escravidão era sancionada e, de fato, ordenada pela Bíblia, e era uma instituição divinamente designada, especialmente proveitosa para os negros.” — “A Complete History of the United States” (História Completa dos EUA), de Clement Wood, págs. 217, 337.
As igrejas lideraram em justificar a escravatura. Ensinavam que os negros são uma raça amaldiçoada, razão pela qual sua pele é preta. Em 1844, os metodistas se dividiram entre o Norte e o Sul por causa da escravidão. Os batistas, em 1845, e, por volta da mesma época, a Igreja Presbiteriana, dividiram-se bem na linha política de Mason-Dixon [popularmente considerada como linha divisória entre estados não-escravistas e escravistas]. Já em 1902, uma Casa da Bíblia, em S. Luís, Missúri, publicou o livro amplamente difundido, “The Negro a Beast” or “In the Image of God” (O Negro, um Animal ou À Imagem de Deus). Inclui um capítulo intitulado “Evidência Bíblica e Científica Convincente de que o Negro não É Parte da Família Humana”.
Assim, com aprovação das igrejas, os negros foram encarados como inerentemente inferiores aos brancos. Lamentava a Encyclopœdia Britannica: “A desgraça do africano foi ser escravizado na América pelos cristãos, que, incapazes de reconciliar suas crenças com a prática da escravidão, remodelaram sua concepção do negro, de modo à virem a reputá-lo como um objeto possuído, e não como ser humano, dotado de direitos e de liberdades.” — Vol. 16, p. 200D, 1971.
Mas, não foram apenas as igrejas que defenderam tais conceitos. Fizeram-no também filósofos e cientistas.
Outros Paladinos da Superioridade Branca
Por volta da década de 1830, os filósofos sulistas nos EUA formularam os princípios relativos à desigualdade natural do homem, conceito já então aceito pela maioria dos sulistas. E o principal antropólogo físico estadunidense daquela época, Josiah C. Nott, tentou prover o apoio biológico para tal conceito. A idéia de alguns veio a ser de que as várias raças evoluíram separadamente e que os negros são mais aparentados aos macacos. Depois de observar certas caraterísticas como evidência, pondera The Encyclopœdia Britannica: “O negro pareceria estar num plano evolucionário inferior ao do homem branco, e ser mais intimamente aparentado aos antropóides mais elevados.” — Vol. 19, 1911, p. 344.
Alguns detêm conceitos similares, hoje em dia, inclusive o Professor Carleton S. Coon, ex-presidente da Associação Americana de Antropólogos Físicos. Assevera que cinco raças de homens, isoladas umas das outras, “evoluíram de forma independente no Homo sapiens, não uma só vez, mas cinco vezes”. Num programa nacional de televisão, dos EUA, um porta-voz afirmou que Coon “apresenta evidência, e assume a posição, de que a raça negra está 200.000 anos atrás da raça branca na escada da evolução”.
Tais conceitos, há muito entretidos com respeito aos negros, ajudam-nos a compreender como é que os primitivos norte-americanos podiam falar de ‘todos os homens serem criados iguais’ e, ainda assim, sancionar uma forma de escravidão em que havia pessoas consideradas inferiores. The Sociology of Social Problems (A Sociologia dos Problemas Sociais), Terceira Edição, de Paul B. Horton e Gerald R. Leslie, explica:
“O dito ‘todos os homens foram criados iguais’ não se aplicava aos negros, visto serem ‘objetos possuídos’ e não homens. Teorias de certa maldição camítica, de evoluções incompletas ou separadas, de determinismo geográfico, e das evidências de testes de inteligência, foram sucessivamente empregadas para justificar o tratamento dos negros quais inferiores. Enquanto se criam em tais noções — e a maioria das pessoas criam nelas — não havia incoerência alguma em professar ideais democráticos, ao passo que se praticava a discriminação.”
É provável que poucas pessoas, hoje, afirmem que os negros “não são gente”. Todavia, muitos ainda crêem que eles sejam inerentemente inferiores. Suas taxas mais altas de filhos ilegítimos e de crimes, sua condição econômica e social inferior, e, especialmente, seus escores médios inferiores nos testes de QI, são considerados “prova” de sua inferioridade biológica. Mas, será que tal evidência é realmente prova de inferioridade biológica? Existem circunstâncias responsáveis pelas deficiências dos negros, em média, em comparação com os brancos?
Origem dos Negros da América
Muita gente no Brasil e EUA crêem que os antepassados africanos dos negros americanos eram selvagens, sem cultura ou civilização. Imaginam que eram mentalmente obtusos, infantis, incapazes de realizar tarefas complexas, ou de desenvolver uma civilização avançada. Mas os fatos são outros, como comenta The World Book Encyclopedia:
“Reinos negros, altamente desenvolvidos, já existiam em várias partes da África há centenas de anos. . . . Alguns dos reis negros e seus nobres viviam em grande opulência e esplendor. Suas capitais, às vezes, tornaram-se centros de cultura e comércio. Entre 1200 e 1600, floresceu uma universidade negro-árabe em Tombuctu, na África Ocidental, e tornou-se famosa por toda a Espanha, África do Norte e Oriente Médio.” — Vol. 14, 1973, págs. 106, 107.
Na verdade, a cultura africana é bem diferente da européia, assim como a cultura oriental também é diferente. E, infelizmente, alguns igualam diferença à inferioridade. Todavia, ao mesmo tempo, não se pode negar que, nos séculos recentes, o desenvolvimento da vida e cultura africanas tornou-se estanque. Houve falta de progresso, houve atraso geral. Mas por quê?
A razão se devia, em grande parte, ao comércio escravista, a respeito do qual disse The Encyclopedia Americana: “Desorganizou a cultura e a indústria negras, parou o desenvolvimento da arte, derrubou governos e foi a causa da moderna estagnação da cultura, que marcou o Continente Negro desde 1600.” — Vol. 20, 1927, p. 47.
A magnitude do comércio escravista, e seu impacto sobre a sociedade africana, é de abalar nossos sentidos. Segundo The New Encyclopœdia Britannica, 1976, “cálculos sobre os escravos enviados para o outro lado do Atlântico vão de 30.000.000 a 100.000.000”. Estimativas mais conservadoras dão um total “como de cerca de 15 milhões”. Mas, mesmo as estimativas menores são estonteantes, em especial quando se consideram as mortes envolvidas.
Deve-se reconhecer que os africanos foram capturados, tanto diretamente pelos brancos, como em guerras e batidas pelos negros, que vendiam seus concidadãos aos traficantes brancos de escravos. Não importa quem assumisse a responsabilidade inicial, os cativos eram então obrigados a marchar até à costa, e retidos em pontos de embarque. Daí, acorrentados aos pares, eram apinhados nos porões de navios, num espaço em que só podiam ficar deitados. Ali passavam a maior parte da viagem de cinqüenta dias pelo Atlântico, sem luz ou ar fresco. Cerca de um terço dos presos, calcula-se, morreram mesmo antes de embarcar no navio, e outro terço na travessia.
Foi no início dos anos 1500 que os primeiros escravos foram trazidos para as Índias Ocidentais e América do Sul, para trabalhar em minas e plantações. Em 1619, um navio negreiro holandês entregou os primeiros negros à América do Norte, não como escravos, mas como serviçais contratados. No entanto, mais tarde, nos anos 1600, a escravidão foi estabelecida plenamente e, com o tempo, havia cerca de quatro milhões de escravos negros nos EUA. Cálculos modestos dão um total de cerca de 3.500.000 escravos importados para o Brasil, total este que poderia aumentar para uns 6.350.000 ou até mesmo para o total surpreendente de 13.500.000.
O Que a Escravidão Lhes Fez
Os africanos comumente eram entregues primeiro nas Índias Ocidentais, onde eram “adaptados”, ou reduzidos a escravos, antes de serem enviados aos Estados Unidos. A diretriz era separar as pessoas da mesma origem tribal, para impedir qualquer insurreição em massa. Até mesmo as famílias eram separadas, e os traficantes ou os novos amos davam novos nomes aos escravos. O objetivo era tornar os negros subservientes e obedientes. Nesse processo, distorciam-se suas personalidades, suprimiam-se suas mentalidades, e, compreendendo a futilidade de resistir, os negros não raro começavam a comportar-se como se fossem inferiores.
Formularam-se códigos escravistas, para garantir sua completa subordinação. Afirma The Encyclopedia Americana:
“Escravos não podiam ter propriedades, possuir armas de fogo, empenhar-se no comércio, deixar a plantação sem permissão de seus donos, testemunhar num tribunal exceto contra outros negros, fazer contratos aprender a ler e escrever, ou realizar reuniões sem a presença de pessoas brancas. . . . o homicídio ou estupro dum escravo ou dum africano livre por uma pessoa branca não era considerado crime grave.” — Vol. 20 1959, p. 67.
Na maioria dos estados escravocratas, o castigo de se ensinar um negro a ler ou escrever era multa ou açoite, ou então a prisão.
Em 1808, os Estados Unidos tornaram ilegal o tráfico de escravos. No entanto, o tráfico continuou, apesar da lei, visto haver maior demanda de escravos do que nunca. Isto levou à suprema perversão — a produção de escravos para venda. Explica The Encyclopedia Americana:
“Desenvolveu-se um comércio doméstico escravista, de ampla escala e lucrativo, e alguns dos incidentes mais cruéis e de sangue frio do sistema escravista estavam ligados ao mesmo, tal como a multiplicação de escravos nos estados mais antigos para a venda mais para o sul, e o constante rompimento dos vínculos familiares pela venda, em separado, de seus membros.” — Vol. 20, 1959, p. 67.
Sim, o conceito de que os negros “não eram gente” levou a multiplicação e à venda deles, como se faz comumente com gado. Daí, abruptamente, em 1865, a escravidão foi plenamente abolida nos Estados Unidos; em 13 de maio de 1888, no Brasil. Todavia, as atitudes persistiram, e os negros eram mantidos “em seu devido lugar” — o de subordinação aos brancos — por leis de segregação e outros meios.
O linchamento por enforcamento era um importante instrumento de controle, nos EUA. Houve, em média, 166 linchamentos anuais entre 1890 e 1900. Também, como relata The Encyclopedia Americana: “A exploração sexual de mulheres negras por homens brancos continuou a ser tolerada. Os negros recebiam tratamento crassamente injusto e discriminatório às mãos da polícia e, freqüentemente, dos tribunais.” — Vol. 20, 1959, p. 70.
Estamos falando de história antiga? Não, os avós de muitos negros agora vivos eram escravos. E as pessoas que vivem hoje ouviram dos próprios lábios de ex-escravos como era a vida então. Até mesmo na década de 50, os veículos de divulgação nos Estados Unidos representavam os negros como sendo inferiores—invariavelmente seu papel era de empregados dos brancos.
Em geral, porém, não se viam negros de forma alguma, quer em revistas, na televisão, quer em jornais, exceto em histórias de crime. Sofriam discriminação de todo modo, obtendo escolarização de segunda classe, e sendo barrados em certos tipos de emprego e em muitos outros benefícios usufruídos por brancos. Praticamente em toda a parte se lhes fechavam as portas da oportunidade, privando a muitos de qualquer esperança de melhorarem sua sorte
Em vista destas circunstâncias, pode-se realmente esperar que os negros obtenham tão bons resultados, em média, quanto os brancos, em consecuções educativas e em outras? Seria justo julgá-los inferiores como raça, quando não se ajustam a determinado padrão? O que acontece quando se lhes abrem oportunidades?
Oportunidade e Motivação
Antes de 1947, as principais ligas de beisebol dos EUA barravam os negros. Nesse ano, a medida que as tensões raciais amiúde foram crescendo, permitiu-se que um negro jogasse. Logo os negros começaram a brilhar no beisebol. Em 1971, ano em que foram campeões mundiais, em certo jogo, os “Pittsburgh Pirates” (Piratas de Pittsburgo) apresentaram em campo uma equipe de nove jogadores — todos negros. A situação é similar em outros esportes, fazendo com que o Times de Nova Iorque, em 1977, dissesse que “o basquete profissional é virtualmente um esporte de negros”.
O que significa isto? Que as pessoas de cor são biologicamente superiores aos brancos? Ou significa que, quando se lhes abrem oportunidades, e se lhes fornecem instrução e motivação, os negros podem obter resultados tão bons? Obviamente, este último é o caso. As raças não nasceram com talento para serem jogadores de beisebol ou futebol, músicos, cientistas, professores universitários, etc. Essas coisas têm de ser aprendidas.
É errado estereotipar raças, afirmando que uma raça é naturalmente obtusa e lenta, enquanto que outra é agressiva e militante, ao passo que ainda outra é branda e subserviente, etc. As raças são o que são especialmente devido à instrução, à formação e à motivação que recebem. A guisa de exemplo, os chineses eram amiúde caraterizados por muitos como sendo naturalmente brandos e subservientes. Mas, considerando-se a educação e motivação diferentes que receberam-nas últimas décadas sob o comunismo, poucos os caraterizariam dessa forma hoje em dia.
Todavia, persiste o conceito de que, por natureza, biologicamente, os negros como raça são mais lentos mentalmente e menos inteligentes do que os brancos. Existe evidência fidedigna de que isto se dá?


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